Museu da Imagem e Som de SC terá inventário inédito do acervo audiovisual catarinense

Projeto vai catalogar cerca de 18 mil itens, entre equipamentos, fitas, filmes e documentos que contam a história da produção cultural do Estado
Pela primeira vez, o Museu da Imagem e Som de Santa Catarina (MIS-SC) vai passar por um processo de organização, sistematização e catalogação de seu acervo. Pelos próximos 12 meses, uma equipe especializada vai mergulhar na memória audiovisual catarinense para colocar em ordem um patrimônio cultural que, até hoje, nunca teve um inventário completo. Um projeto que permitirá à população reconhecer, valorizar e fortalecer a memória cultural do Estado.
Estima-se que o acervo reúna cerca de 18 mil itens: desde câmeras de filmar, projetores, aparelhos de videocassete, fitas, documentos, livros e periódicos. A ausência de registros completos, contudo, sempre dificultou o conhecimento real do que está sob a guarda do museu.
A proposta agora é criar uma base de dados segura e confiável, capaz de identificar, descrever e organizar cada item, dando início a um processo de requalificação da instituição. Segundo o museólogo João Paulo Corrêa, coordenador do projeto, a relevância da iniciativa reside em dois pilares: preservação e salvaguarda e o acesso e democratização.
“A memória audiovisual é muito mais do que um registro visual ou sonoro do passado. Ela é um espelho dinâmico da sociedade, capturando nuances, emoções e detalhes que documentos escritos, por si só, não conseguem transmitir. Filmes, fotografias, vídeos e gravações de áudio são cápsulas do tempo que nos permitem ver a moda de uma época, ouvir a entonação de uma fala, sentir a atmosfera de um evento histórico. Eles são a prova viva da nossa evolução cultural, social e política”, afirma.
Para a administradora do MIS-SC, Maria Elizabeth Horn Pepulim, trata-se de uma prioridade. “É um trabalho que não tem preço e que visa a preservação e publicidade do patrimônio audiovisual catarinense”, diz.
Atenção manual para cada objeto
Um dos desafios do projeto é a natureza do trabalho de catalogação, que exige atenção manual em cada etapa: avaliar, pesar, medir, fotografar, marcar fisicamente e registrar em planilhas.
O trabalho começou em setembro de 2025 com a catalogação do acervo tridimensional, como câmeras de filmar, projetores e outros equipamentos. E, em paralelo, o inventário do acervo arquivístico e bibliográfico.
Cada peça recebe uma descrição detalhada, com informações de peso, dimensões, estado de conservação, características visuais e um número identificador exclusivo. Para garantir precisão, o processo é acompanhado de registros fotográficos técnicos.
Embora a digitalização dos materiais não esteja prevista nesta primeira fase, a expectativa é que, a partir do inventário consolidado, o MIS-SC possa avançar para etapas mais complexas, como a contratação de software específico de gestão e a disponibilização online do acervo.
“Catalogar o acervo do MIS-SC não é apenas uma tarefa técnica. É uma ação estratégica para garantir que a história e a cultura de Santa Catarina, registradas em imagem e som, não se percam no tempo. É um investimento no futuro, assegurando que o patrimônio audiovisual da nossa região continue a inspirar e a educar as próximas gerações”, diz João Paulo Corrêa.
O projeto está sendo conduzido pelos museólogos Poliana Santana e João Paulo Corrêa, pela antropóloga Julia Marques, a arquivista Sabrina Raquel e ainda duas estagiárias. A diversidade de formações e especialidades da equipe é fundamental para lidar com a complexidade do acervo. Enquanto os museólogos conduzem a catalogação material, por exemplo, a antropóloga Júlia Marques contribui com leituras sobre o contexto cultural dos objetos.
O inventário do MIS-SC é viabilizado pelo Ministério da Cultura por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. Patrocínio da Engie. Apoio do MIS-SC, Fundação Catarinense de Cultura e Governo de Santa Catarina. Consultoria: Viés. Realização da Marte Cultural, Ministério da Cultura e Governo Federal.